domingo, 9 de outubro de 2011

Dia do Surdo: Cas - Mossoró - 26/09/2011

Caminhada em comemoração ao Dia do Surdo realizada pelo alunos , seus familiares e funcionários do Cas - Mossoró no dia 26 de Setembro de 2011.Foi um evento maravilhoso, muito importante para os surdos,pois mostra a luta dos surdos pelo reconhecimento da diferença, por uma educação surda, por uma acessibilidade surda e pela igualdade de oportunidade.

sábado, 27 de agosto de 2011

A aquisição da linguagem pela criança surda




  Alguns anos após a inclusão da língua de sinais nos estudos lingüísticos, foram iniciadas pesquisas sobre o processo de aquisição da linguagem em crianças surdas filhas de pais surdos. 
 Essas crianças têm a oportunidade de acesso a uma língua de sinais em iguais condições ao acesso que as crianças ouvintes naturalmente têm em uma língua oral-auditiva. Frisa-se a palavra "oportunidade" porque representam apenas 5% das crianças surdas, ou seja, 95% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, os quais, quase sempre, não dominam uma língua de sinais. No Brasil, a LIBRAS começou a ser investigada em estudos na década de 80 e a aquisição da LIBRAS nos anos 90.
Estudos da aquisição da linguagem infantil realizados nas línguas de sinais e nas línguas orais revelaram a presença de algumas generalizações interlingüísticas e intermodais em relação à produção dos primeiros sinais e em relação ao desenvolvimento do vocabulário. Tais estudos trouxeram para discussão a precedência de aquisição de sinais em relação à aquisição de palavras no período de aquisição da linguagem. Definiu-se que a aquisição dos primeiros sinais representa o limite entre os estágios pré-lingüístico e o lingüístico. Logo, considerando que o processo de aquisição das línguas de sinais é análogo ao processo de aquisição das línguas faladas, os próximos tópicos apresentam os estágios de aquisição adotados nos estudos sobre a aquisição da linguagem em geral.

 

Período pré-lingüístico

O período pré-lingüístico se estende do nascimento ao início dos primeiros sinais. De acordo com estudos a respeito do balbucio em bebês surdos e bebês ouvintes no mesmo período de desenvolvimento, verificou-se que o balbucio é um fenômeno que ocorre em todos os bebês, surdos e ouvintes, decorrente da capacidade inata para a linguagem. Observou-se que essa capacidade inata é manifestada não apenas por meio de sons, mas também através de sinais. Nos bebês surdos foram detectadas duas formas de balbucio manual: o balbucio manual silábico e a gesticulação. O primeiro apresenta combinações que pertencem ao sistema lingüístico das línguas de sinais. A gesticulação, ao contrário, não apresenta organização interna. Os bebês surdos e os bebês ouvintes apresentam os dois tipos de balbucio até um determinado estágio e desenvolvem o balbucio da sua modalidade. É por isso que os estudos afirmavam que as crianças surdas balbuciavam (oralmente) até um determinado período. As vocalizações são interrompidas nos bebês surdos assim como as produções manuais são interrompidas nos bebês ouvintes.
As semelhanças constatadas na sistematização das duas formas de balbuciar sugerem a existência no ser humano de uma capacidade lingüística inata que sustenta a aquisição da linguagem independentemente da modalidade da língua, isto é, seja ela oral-auditiva ou espaço- visual.
A percepção visual configura-se como um aspecto de extrema relevância no desenvolvimento da criança surda. Inicialmente ocorre contato visual entre os interlocutores e, então, o bebê surdo com a atenção visual voltada para a face do interlocutor, capta indícios sutis no rosto que lhe servirão para atribuir significado aos sinais de sua língua. O uso de expressões faciais, a repetição de sinais e a utilização de movimentos mais lentos e amplos na articulação dos sinais são estratégias utilizadas pelos pais para atraírem a atenção visual dos bebês surdos. A produção manual, no período pré-lingüístico corresponde à produção do que é denominado balbucio manual, pelo apontar e pelos gestos sociais - acenar, mandar beijos, bater palmas, etc.

Estágio de um sinal

O estágio de um sinal começa por volta dos 12 meses da criança surda até os 2 anos de idade. A hipótese de que a aquisição da língua dos sinais teria início antes da aquisição das línguas orais causou discussões entre pesquisadores sobre a questão da iconicidade nas línguas de sinais, sobre o desenvolvimento motor das mãos, sobre a questão da visibilidade dos articuladores e a interferência dos pais na produção dos sinais. Petitto argumenta que a criança simplesmente produz gestos que diferem dos sinais produzidos por volta dos 14 meses, classificando tal produção gestual como pertencente ao balbucio, do período pré-lingüístico. As crianças surdas com menos de 1 ano, assim como as crianças ouvintes, apontam freqüentemente para indicar objetos e pessoas. Mas quando a criança entra no estágio de um sinal, o uso da apontação desaparece. Nesse período parece ocorrer uma reorganização básica em que a criança muda o conceito da apontação inicialmente gestual (pré-lingüística) para visualizá-la como elemento do sistema gramatical da língua de sinais (lingüístico).

Estágio das primeiras combinações

As primeiras combinações de sinais surgem por volta dos 2 anos nas crianças surdas. Nem todos os verbos da ASL (American Sign Language) podem ser flexionados a fim de se marcarem as relações gramaticais em uma sentença. Existem verbos que apresentam inviabilidade na incorporação dos pronomes como, por exemplo, os verbos GOSTAR e PENSAR na LIBRAS. Dessa forma, as crianças surdas precisam adquirir duas estratégias para marcar as relações gramaticais: a incorporação dos indicadores e a ordem das palavras. A incorporação dos indicadores envolve a concordância verbal, e essa depende diretamente da aquisição do sistema pronominal.
No estágio das primeiras combinações de sinais, as crianças começam a usar o sistema pronominal, porém de maneira inconsistente. Ocorrem 'erros' de reversão pronominal, exatamente como acontece com crianças ouvintes. As crianças utilizam a apontação direcionada ao receptor para se referirem a si mesmas. Pode ser surpreendente constatar esse tipo de erro nas crianças surdas em virtude da aparentemente nítida correspondência entre a forma de apontação e o seu significado. Contudo, esse tipo de erro e a evitação do uso dos pronomes do estágio anterior são fenômenos diretamente relacionados com o processo de aquisição da linguagem. A despeito da aparente relação entre forma e significado da apontação, a compreensão dos pronomes não é óbvia para a criança dentro do sistema lingüístico da ASL, diante das múltiplas funções lingüísticas que apresenta. Na LIBRAS, observou-se a combinações de sinais, geralmente envolvendo de dois a três sinais. Ocorrem omissões do sujeito, mas não do objeto. Na LIBRAS, são utilizadas formas “congeladas” dos verbos com concordância e o uso adequado dos pronomes estabelecidos no espaço de sinalização.

Estágio das múltiplas combinaçõe

Por volta dos 2 anos e meio a 3 anos, as crianças surdas apresentam a “explosão do vocabulário”. Começam a ocorrer as chamadas distinções derivacionais (a diferenciação entre CADEIRA e SENTAR, por exemplo).O pleno domínio dos recursos morfológicos da língua é completamente adquirido por volta dos 5 anos de idade. A criança surda ainda não utiliza os pronomes para referir-se aos objetos e às pessoas que não estejam presentes fisicamente. Usa substantivos não associados com pontos no espaço. Mesmo quando a criança realiza tentativas de identificação de pontos no espaço, apresenta falhas de correspondência entre a pessoa e o ponto espacial.

 Com os referentes presentes no discurso já ocorre a utilização consistente do sistema pronominal. Dos 3 anos em diante, passa-se à utilização do sistema pronominal com referentes ausentes no contexto do discurso. Contudo, ainda registram-se erros. De 3 anos a 3 anos e meio, as crianças usam a concordância verbal com referentes presentes. Não obstante, flexionam alguns verbos de forma inadequada nas línguas de sinais, num fenômeno análogo a generalizações verbais como 'fazi', 'sabo' e ‘gosti’ na língua portuguesa.
Por volta dos 4 anos, a concordância verbal ainda não é praticada adequadamente. Somente entre 5 e 6 anos, as crianças tornam-se capazes de flexionar os verbos corretamente. Pode-se concluir que o processo de aquisição da língua de sinais pelas crianças surdas ocorre num período análogo à aquisição da língua oral-auditiva em crianças ouvintes. Desse modo , os estudos de aquisição da linguagem indicam universais lingüísticos.

Aprendizado, pelos surdos, da língua portuguesa escrita

Grande parte do grupo de surdos e deficientes auditivos utiliza a língua de sinais para se comunicar e tem grande dificuldade para aprender a Língua Portuguesa. Isso porque a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), sua língua-mãe, é gestual-visual, utilizando como meio de comunicação movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão, enquanto a Língua Portuguesa é oral-auditiva.

Disponível em http://www.jorwiki.usp.br/gdmat08/index.php/As_m%C3%A3os_como_linguagem:_cegos,_surdos_e_mudos

A LINGUAGEM DE SINAIS








 As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas
Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias. Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são compostas pelos níveis lingüísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais. O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial. Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc. Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo produzir poemas e peças teatrais.
 A LIBRAS tem sua origem na Língua de Sinais Francesa. As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua. Em Portugal, a comunidade faz uso da LGP(Linguagem Gestual Portuguesa)

--- Sinais
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais:

  • Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos.
Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo.
  • Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro.
  • Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento.
  • Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais / corporais são de fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial.
  • Orientação/Direção: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade.

As convenções da Libras

  • A grafia: os sinais em libras, para simplificação, serão representados na Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR.
  • A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E.
  • Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO.
  • As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?)
  • Os pronomes pessoais: serão representados pelo sistema de apontação. Apontar em LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito.

Para conversar em LIBRAS não basta apenas conhecer os sinais de forma solta, é necessário conhecer a sua estrutura gramatical, combinando-os em frases.
Além disso, existe uma série de siglas e jargões no universo das libras.
A linguagem de sinais também é usada pelos mudos


Disponível em http://www.jorwiki.usp.br/gdmat08/index.php/As_m%C3%A3os_como_linguagem:_cegos,_surdos_e_mudos

 

O Surdo e aHistória de sua Educação








No passado, os surdos eram considerados incapazes de ser ensinados, por isso eles não freqüentavam escolas. As pessoas surdas, principalmente as que não falavam, eram excluídas da sociedade, sendo proibidas de casar, possuir ou herdar bens e viver como as demais pessoas. Assim, privadas de seus direitos básicos, ficavam com a própria sobrevivência comprometida.
    Os principais registros que temos sobre a História da Educação dos Surdos são:
No final do século XV:
·   não havia escolas especializadas para surdos;
·  pessoas ouvintes tentaram ensinar aos surdos:
- Giralamo Cardamo, um italiano que utilizava sinais e linguagem escrita;
- Pedro Ponce de Leon, um monge beneditino espanhol que utilizava, além de sinais, treinamento da voz e leitura dos lábios.
Nos séculos seguintes:
·  alguns professores dedicaram-se à educação dos surdos. Entre eles, destacaram-se:
- Ivan Pablo Bonet (Espanha)
- Abbé Charles Michel de I'Epée (França)
- Samuel Heinicke e Moritz Hill (Alemanha)
- Alexandre Gran Bell (Canadá e EUA)
- Ovide Decroly (Bélgica); esses professores divergiam quanto ao método mais indicado para ser adotado no ensino dos surdos. Uns acreditavam que o ensino deveria priorizar a língua falada (Método Oral Puro) e outros que utilizavam a língua de sinais - já conhecida pelos alunos - e o ensino da fala (Método Combinado);
·  Em 1880, no Congresso Mundial de Professores de Surdos (Milão - Itália), chegou-se à conclusão de que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo Método Oral Puro. Um pouco antes (1857), o professor francês Hernest Huet (surdo e partidário de I'Epée, que usava o Método Combinado) veio para o Brasil, a convite de D. Pedro II, para fundar a primeira escola para meninos surdos de nosso país: Imperial Instituto de Surdos Mudos, hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), mantido pelo governo federal, e que atende, em seu Colégio de Aplicação, crianças, jovens e adultos surdos, de ambos os sexos. A partir de então, os surdos brasileiros passaram a contar com uma escola especializada para sua educação e tiveram a oportunidade de criar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), mistura da Língua de Sinais Francesa com os sistemas de comunicação já usados pelos surdos das mais diversas localidades;
·  A.J. de Moura e Silva, um professor do INES, viajou para o Instituto Francês de Surdos (1896), a pedido do governo brasileiro, para avaliar a decisão do Congresso de Milão e concluiu que o Método Oral Puro não se prestava para todos os surdos.
No Século XX:
·  aumentou o número de escolas para surdos em todo o mundo;
·  no Brasil, surgiram o Instituto Santa Terezinha para meninas surdas (SP), a Escola Concórdia (Porto Alegre - RS), a Escola de Surdos de Vitória, o Centro de Audição e Linguagem “Ludovico Pavoni” - CEAL/LP - em Brasília-DF e várias outras que, assim com o INES e a maioria das escolas de surdos do mundo, passaram a adotar o Método Oral; a garantia do direito de todos à educação, a propagação das idéias de normalização e de integração das pessoas com necessidades especiais e o aprimoramento das próteses otofônicas fizeram com que as crianças surdas de diversos países passassem a ser encaminhadas para as escolas regulares. No Brasil, as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação passaram a coordenar o ensino das crianças com necessidades especiais (inicialmente denominadas portadoras de deficiências) e surgiram as Salas de Recursos e Classes Especiais para surdos, além de algumas Escolas Especiais, com recursos públicos ou privados; com a organização das minorias no âmbito mundial, por terem garantido seus direitos de cidadãos, as pessoas portadoras de necessidades especiais passaram a apresentar suas reivindicações que, no caso dos surdos, são: o respeito à língua de sinais, a um ensino de qualidade, acesso aos meios de comunicação (legendas e uso do TDD) e serviços de intérpretes, entre outras; com os estudos sobre surdez, linguagem e educação, já no final de nosso século, os surdos assumiram a direção da única Universidade para Surdos do Mundo (Gallaudet University Library - Washington - EUA) e passaram a divulgar a Filosofia da Comunicação Total. Mais recentemente, os avanços nas pesquisas sobre as línguas de sinais, preconiza o acesso da criança, o mais precocemente possível, a duas línguas: à língua de sinais e à língua oral de seu País - Filosofia de Educação Bilingüe.


 Disponível em http://www.ines.gov.br/ines_livros/31/31_PRINCIPAL.HTM




sábado, 23 de julho de 2011

E a função do Intérprete na escolarização de Surdos?


Artigo publicado nos Anais do Congresso Surdez e Escolaridade: Desafios e Reflexões – Congresso Internacional do INES, Rio de Janeiro, 17-19 de setembro de 2003: 87-98 tanyafelipe@librasemcontexto.org

            Na década de oitenta, a função do Intérprete, mesmo fora do âmbito educacional ainda era “condenada”. Segundo Coutinho (2000:77), intérprete de LIBRAS,
                                                                 “... os profissionais que atuavam na área da surdez mal podiam nos ver conversando com os surdos em língua de sinais. Diziam que nós obrigávamos os surdos a comunicaremse através da mímica”.

             Décadas se passaram e agora já querem substituir o Professor pelo Intérprete. Afinal “a LIBRAS é muito difícil para aprender e também o professor não tem tempo”.
            Se se pensar apenas na escolarização de Surdos, pode-se pensar em intérprete educacionais, como denominou Quadros (2002), ao intérprete que vem atuando em sala de aula. Esse intérprete que ainda está em um processo de formação de identidade, já que sua organização enquanto profissional e formação acadêmica ainda não se consolidaram e que:
• deverá, ao assumir essa função, segundo seu código de ética, “manter uma atitude imparcial durante o transcurso da interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo grupo a fazê-lo”Sander (1992);
• deverá ter conhecimento prévio de todo os assuntos de todas as disciplinas que fará a tradução simultânea, podendo atuar desde a educação infantil até o nível universitário e de pós-graduação, segundo Quadros (2002);
• não poderá se confundir com o professor, que é o responsável pelo processo de avaliação dos alunos; ficando a indagação: quem será esse super-profissional, super-intérprete, multidisciplinar? Pesquisas têm mostrado que, devido a muitos equívocos por parte dos intérpretes, ou por falta de formação acadêmica, ou técnicas para tal função ou, ainda, por não dominar o assunto, a atuação do intérprete em sala de aula pode causar prejuízo ao aluno em sua escolarização (Pires, 2000; Sander, 2000, Quadros, 2002).

 Disponível em http://www.librasemcontexto.org/producao/A_Funcao_do_Interprete_Ines.pdf


Libras em contexto

O  Ministério da Educação está desenvolvendo o Programa "Interiorizando Libras", que tem como propósito apoiar e incentivar a formação profissional de professores, surdos e não-surdos, de municípios brasileiros, para a aprendizagem e utilização da língua brasileira de sinais em sala de aula, como língua de instrução e como componente curricular.
O material LIBRAS EM CONTEXTO favorece o estudo e o ensino da língua de sinais falada pelos surdos do Brasil, por meio de material impresso e DVDs elaborados pela própria comunidade surda.
O apoio do MEC ao processo de formação de instrutores de Libras e de professores para atuar na educação escolar dos surdos garante o respeito à diferença, à diversidade sócio-cultural. Essa ação é representativa do compromisso do Governo Federal com a educação para todos e com a inclusão social das pessoas com necessidades educacionais especiais.
Contamos com vocês para vencer o desafio de atender à singularidade lingüística dos surdos e assim alcançar o sucesso almejado com a execução desse programa.

Tarso Genro
Ministro de Estado da Cultura 

Disponível em http://www.feneis.com.br/page/librasemcontexto.asp

Fotos do Arraiá Cas - Mossoró











































sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pessoas Com Deficiência E Suas Necessidades Vitais: Orientações Sentimentais, Amor e Sexo Psicologia e Deficiência – Professor Emílio Figueira


Até os 13 ou 14 anos, a criança com deficiência certamente terá uma vida normalizada, com brincadeiras e tudo que sua infância poderá lhe oferecer. Mesmo porque, ela não ligará se algum amigo lhe fizer uma piada, chamar-lhe de nomes pejorativos (aleijadinho, ceguinho, etc.) e brincará, mesmo se for do seu jeito. Ela tem quem pense, cuide e se responsabilize por si. Nunca é demais lembrar um pouco da Psicologia do Desenvolvimento. Na adolescência ocorrem as modificações fisiológicas, o amadurecimento sexual, transformações corporais, tanto no moço, quanto na moça. As funções afetivas voltam a preponderar mais ativamente numa construção de identidade que passa a ocupar o primeiro plano. Surgem as ambivalências de atitudes nas experiências e necessidades novas, embora ainda confusas; desejos de posse, atração pelo sexo oposto, procurando um ideal para completar a sua pessoa. Conhece novas formas de amar e desejar alguém além dos laços familiares. Necessidades de conquistas, aventuras, independência, ultrapassar a vida cotidiana, surpreender-se, unir-se a outros jovens com os mesmos ideais. Ter amigos para suas confidências, enquanto cartas de amor em seu caderno misturam-se com as lições escolares.
           
Fase marcada por rupturas, inquietudes, ambivalências de atitudes e sentimentos, o jovem passa a se opor aos hábitos da vida e costumes traduzidos na busca da consciência de si, na integração do novo esquema corporal e na apropriação de sua identidade adulta. Desperta-se sua consciência social e política. Um descontentamento e o desejo de transformação, o famoso “Querer mudar o mundo!”. Emite altas críticas ao modelo hipócrita dos valores ditos burgueses.  Ao mesmo tempo, o jovem passa a ter dúvidas metafísicas e científicas, traçando muitos questionamentos.
Para quem não tem algum tipo de deficiência, ao entrar na idade da puberdade poderão surgir problemas e começam a se formar “grilos” de transa com seu corpo. Para quem tem uma deficiência, a adolescência pode ser um pouco mais crítica.
Problemas surgirão porque a sociedade, em geral, impõe certos valores socioculturais, nos quais os homens têm que ser musculosos e viris e as mulheres têm que possuir curvas mais acentuadas em seus corpos. Para a sociedade, os corpos das pessoas têm de estar em perfeitas condições (física e intelectual) para responder a essas solicitações socioculturais. Na adolescência, a pessoa passará a ser “gente grande”, respondendo às responsabilidades de sua idade. Se seu corpo apresentar algo que se desvie do normal, encontrará problemas para se integrar na sociedade e exprimir os seus desejos sexuais. Sendo assim, é levado a segundo ou até a terceiro plano.
           
Hoje, o mundo está todo voltado aos seres perfeitos. Ao ligarmos a televisão, homens e mulheres exibem seus belos corpos e, nas revistas masculinas (que hoje são muitas no mercado), mulheres (verdadeiras gatas) expõem sua nudez provocante, excitando a sexualidade de todos. Os meios de comunicação ditam os modelos a seguir, o perfeito, o ideal, o que devemos fazer para sermos aceitos no grupo, no clube, pelos colegas, pelas mulheres, pelo namorado. É verdade que ninguém consegue ser totalmente livre de pressões e influências culturais. A ideia de perfeição mostrada pelos meios de comunicação e pela publicidade é falsa. Trocando em miúdos, todo esse “sex-shop” dos meios de comunicação despertam o extinto sexual do jovem com deficiência e, muitas vezes, colabora para que se angustie em face de seu problema.
Pode acontecer que uma pessoa sem deficiência se interesse por outra que possui alguma deficiência, seja ela física, mental, auditiva, visual ou múltipla. Via de regra, enfrentará problemas em sua família e com alguns de seus amigos. Só que a pessoa com deficiência também sofrerá problemas familiares, uma vez que seus pais podem não aceitar, de início, que alguém que sempre esteve aos seus cuidados esteja apaixonado(a) por seu(sua) filho(a) podendo, num futuro, naturalmente distanciar-se do convívio familiar diário, visando levar uma vida de casal de namorados, sair, passear, divertir-se. Muitos relacionamentos não deram certo por esses motivos.
Do mesmo modo, pode haver uma resistência de aceitação muito grande por parte da família da pessoa sem deficiência, ocorrendo boicotes ao relacionamento de forma sutil ou até mesmo evidente. Segundo li num artigo do psicólogo Fabiano Puhlmann (e tomo a liberdade de aqui reproduzir livremente), “imagine aquela mulher com deficiência física severa, com certo grau de dependência geral dos pais, os quais não se colocam diretamente contra o namoro, mas inventam regras impossíveis de ser cumpridas, como proibição do namoro em casa, falta de colaboração no transporte, chegando até a chantagens financeiras. (...). Algumas vezes acontece o oposto, a mulher que se envolve com um portador de deficiência física e percebe com espanto que, ao contrário de seus outros namorados, este é tratado com total e irrestrita aceitação, chegando até ao exagero, a família adota o novo membro sem restrição, tornando-o, com o tempo, um pseudofilho... Nestes casos, a relação também fica comprometida, o casal vai se tornando meio-irmão”.
Os que conseguem romper essas dificuldades iniciais provam à família e aos amigos que são capazes de amar e de serem amados e, aos familiares, provam que o relacionamento está fazendo bem aos filhos que eles tanto amam.
Um relacionamento amoroso pode acontecer entre pessoas com deficiência: casais de cegos muito felizes, casais de surdos. Atualmente, estão realizando casamentos entre pessoas com deficiência mental, com síndrome de Down, as quais passam a morar sozinhos, contando com o acompanhamento próximo de familiares.
                           
As pessoas com deficiências mentais
Houve época que a sexualidade era assunto proibido para pessoas com deficiência, tanto por parte dos pais, como dos profissionais que lidavam com elas e que quase nunca estavam preparados para tratar do assunto. Um fato ignorado ou pelo menos não aceito por esses pais, é que seus filhos possuem sexualidade. Para muitos, a criança com uma sequela e limitações não terá tais manifestações. E é aí que muitos se enganam. Reprimir essa sexualidade não faz com que ela desapareça, mas tal repressão pode colaborar para aumentar sua angústia ou agressividade, alterando o equilíbrio emocional desses jovens, diminuindo suas possibilidades de um desenvolvimento melhor. Já há pesquisas comprovando que essas pessoas anseiam por uma relação afetiva, sendo capazes de aprender a lidar com sua própria sexualidade, um fator importante para o desenvolvimento da personalidade. Dependendo do grau de sua deficiência, compreendem e adquirem parâmetros para discernir o que é adequado ou não, o que é privado ou público, o que se tem permissão de tocar em partes íntimas e, ainda, entender as consequências do ato sexual.
           
Os desejos e manifestações sexuais nascem naturalmente com as pessoas, quer tenham deficiências ou não. Tais satisfações são naturais como comer quando se tem fome, beber quando se tem sede ou ir ao banheiro quando se tem vontade. Por meio da sexualidade há a expressão de sua afetividade, capacidade de estar em contato consigo e com os outros na construção de sua autoestima e autoconfiança.
A masturbação dessas pessoas é algo inevitável. Não há uma idade certa para o início, pois até alguns bebês já foram vistos se masturbando. A masturbação talvez seja a única forma de aliviar suas tensões sexuais. E, se punido por isso, poderá complicar a situação emocional para essas pessoas.
Certamente, a criança/jovem com deficiência mental de maiores graus não terá relações sexuais com outros parceiros. É
possível que a masturbação ocorra mais vezes que os demais. Isso porque se tem bem menos atividades e tenta ocupar o tempo com algo que lhes satisfaçam. Se sua rotina for aumentada com outras atividades (TV, jogos, passeios), seu interesse sexual certamente diminuirá.
                      
Namoro e orientação sexual
Entre as pessoas com deficiência mental é comum elas confundirem amizades com namoro, mas quando ele realmente ocorre, o desejo sexual nem sempre pode estar presente na relação. Mesmo assim, via de regra, haverá dificuldades de aceitação dos familiares, bem como os riscos que terão de assumir. A gravidez é uma dessas preocupações, esbarrando no nível de independência dessas pessoas. Se essa gravidez ocorrer, dependerá da vontade e condição da família em assumir a supervisão das atividades do casal e da criança, provavelmente para sempre.
Alguns profissionais e/ou instituições especializadas que lidam com clientela com deficiência mental também cometem o erro ao considerá-los assexuados, sem nenhum autocontrole ou capacidade mínima de entendimento ético e social. Culturalmente, ainda pessoas com deficiência mental são vistas como eternas crianças, merecedoras de piedade, que devem ser tratadas com benevolência e de forma paternalista. Nas instituições, os profissionais reclamam pela falta de normas claras sobre quais atividades sexuais podem e devem ser permitidas. A orientação sexual, quando existe, não vai ao encontro das necessidades reais dessa clientela. Esses preconceitos e tabus dificultam um pouco a inclusão de atividades para a educação sexual nas instituições e/ou entre os familiares.
Meninos precisam ser informados por ocasião da adolescência sobre a ejaculação, assim como meninas necessitam de orientação sobre como lidar com a menstruação, ambos precisam ser informados sobre as mudanças pelas quais estão passando. Mesmo tendo um nível diferenciado na capacidade de aprendizado, na independência, estabilidade emocional e habilidade social, podemos e devemos incluir a orientação sexual na educação geral das pessoas com deficiências mentais, integradas à estimulação sensório-motora, intelectual e das capacidades adaptativas ao meio social, de modo natural. As últimas décadas mostram-nos uma melhoria contínua dos cuidados à saúde e à inclusão social que essa clientela vem alcançando, uma vez que são capazes de viver integrados na comunidade e, portanto, expostos a riscos, liberdades e responsabilidades.
É comum surgir ambiguidades de conduta e de orientação entre os pais e profissionais, com conflitos, atitudes incoerentes, frustração, angústia. Caberá em nossas intervenções enquanto psicólogos, orientar pais e os profissionais que assistem pessoas com deficiência mental que a vivência sexual deles, quando bem-conduzida, melhora o desenvolvimento e equilíbrio afetivo, incrementa a capacidade de estabelecer contatos interpessoais, fortalece a autoestima e contribui para a inclusão social.
Outros aspectos
Uma coisa é certa: Para as pessoas “ditas normais” existem dificuldades em relação ao sexo, tais como timidez, medo da concepção, tabus herdados, dependências diversas. Certamente, todas essas dificuldades para uma pessoa (aqui o caso é o jovem) com deficiência aumentam ainda mais. Porém, apesar dos preconceitos impostos, são rapazes e moças que amam, namoram e casam. E, na maioria dos casos, podem gerar filhos, criá-los e educá-los. Há riscos e dificuldades inesperadas, mas são barreiras que eles têm condições de discutir e resolver.
As soluções para os problemas dessa natureza surgirão com uma boa inclusão social. Quanto mais amigos e participação nas atividades jovens, mais chances haverá em relação ao amor ou até mesmo ao sexo. Isto porque se eles(as) participam de um grupo e de suas atividades, serão sempre vistos pelas suas qualidades de pessoa normal e nunca com os preconceitos iniciais de quem os veem pela primeira vez.
É válido, aqui, abrir espaço para uma séria denúncia: o mau uso da sexualidade!
Há, atualmente, muitos casos de pessoas com deficiência que, por falta de orientação e acompanhamento (ou até mesmo rejeição), tornam-se homossexuais, prostitutas e viciados em drogas. Porém, esse problema não é bem deles: é consequência da nossa incapacidade social e das ideologias socioculturais.
Outro problema é em relação ao comportamento negativo dos pais. Antes da existência dos motéis, os pais, num gesto de machismo, ao ver o filho “normal” entrar na puberdade, encaminhava-o às prostitutas. O mesmo está acontecendo hoje em dia com pais de jovens com deficiências mentais, embora exista a resistência das mães. Em São Paulo, já existem algumas casas de massagem com moças “preparadas” para manter relações com esses jovens. Há consequências terríveis: esses rapazes não estão preparados para esta experiência, concentra-se no prazer e querem repeti-lo todos os dias.
Uma vez num Congresso em São Paulo, um pai de um rapaz com paralisia cerebral contou-nos que contratava moças e servia de motorista para levá-los a um motel. Isto, ao meu modo de ver, tem dois lados: o positivo em que ele reconhece que o filho também é um homem e tem suas necessidades e desejos – e talvez não se satisfaça mais com uma simples masturbação – e, pelo lado negativo, ele estava facilitando a vida do filho sem dar-lhe direito a ir à luta por si mesmo.
Mas como ir à luta? Ele deveria incluir mais o filho entre as meninas de sua idade. Por exemplo, pegando amigos(as) do garoto, levá-los ao cinema, lanchonetes, convidando-os para frequentar sua casa e deixando-os sempre à vontade num papo descontraído. As moças iriam passar a vê-lo como outro rapaz qualquer, podendo depois até ter algo mais sério, o que ocorreria naturalmente e seria até mais gostoso. Ela (no caso já como parceira dele) naturalmente iria ajudá-lo a descobrir o melhor modo de se relacionar, buscando melhor prazer para ambos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE SER MULHER...

Este poema é dedicado à todas as mulheres, mas especialmente a mulher com deficiência, pois ela acima de tudo é mulher igual a qualquer uma. Independente de suas limitações ela é mãe,dona de casa, namorada, profissional, guerreira, cidadã com direitos e deveres a cumprir como qualquer outra pessoa e nos passa uma lição de vida de perseverança, coragem, determinação, uma enorme alegria de viver. Parabéns a todas e vamos juntas nessa caminhada pela luta a favor da inclusão.Bejitos!


A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE SER MULHER..

A mulher é o único ser da criação, que abriga dentro de si, um templo.

Só ela sabe ser deusa e ser santa, ser rainha e ser mulher, ser forte quando precisa, e a ser frágil quando quer.

Mulher que gera vidas, e cria a humanidade.

Que sabe ser estrela, e sabe ser saudade.

Só ela sabe ser mulher e ser menina, ser sedutora e ser seduzida.

Ela é luz quando brilha, é paz quando acalma e tranqüiliza.

Ela é música quando é alegria, é ritmo vibrante quando improvisa.

Ela é tempestade quando chora, ou um vulcão quando ama.

Ela sofre discriminação, é incompreendida, mas sabe superar.

Sofre preconceitos, tem lá os seus defeitos, mas sabe perdoar.

É mulher e é amante, é companheira e é guerreira, ela pode até perder a luta, mas nunca perde os seus ideais...

Ela pode até perder os seus amores, mas nunca desiste de sonhar.

É feminina, sensível, amável, sem perder a força.

Ela é ternura quando envolve, é segredo quando encanta.

Assim como a lua, ela tem as suas fases, todas imprevisíveis, todas incomunicáveis.

A mulher é o maior de todos os mistérios, que alguns homens ainda não conseguiram desvendar.





 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fotos do Jantar-Desfile do I Encontro de Mulheres com Deficiência - Mossoró e região

Estas fotos são do jantar - desfile que aconteceu no I Encontro de Mulheres com Deficiência no Requinte Buffet  em Mossoró e teve como objetivo "resgatar a auto-estima das mulheres que se sentem aprisionadas em suas próprias deficiências"   palavras das organizadoras do evento  Benomia Maria Rebouças e Renata Fernandes.